A Bolsa de Valores possui mecanismos para garantir aos investidores e ao mercado de ações proteção em caso de queda brusca em um certo período de tempo. Nesse texto vamos abordar, de forma simples e direta, como o Circuit Breaker funciona e quando isso ocorre.
Circuit Breaker, traduzido para o português, quer dizer disjuntor, sim, é como o dispositivo que existe na sua casa. Em caso de uma sobrecarga elétrica ele entra em ação e desliga toda a energia da casa ou da fase. Aplicado na bolsa de valores é quase dessa maneira que ele funciona; o Circuit Breaker paralisa todas as operações quando há uma forte instabilidade. Aplicado em 3 regras ele tem o poder de acalmar os ânimos no mercado, dando tempo para uma respirada e alívio dos investidores.
Vamos a essas regras:
Caso o Ibovespa apresente queda que atinja 10% em relação ao fechamento do dia anterior, toda a negociação é suspensa por 30 minutos.
Depois desse período, caso a queda chegue a 15% em relação ao fechamento do dia anterior, as transações voltam a serem interrompidas por uma hora;
Se as duas primeiras paralisações não forem suficientes e a queda chegar a 20%, o circuit breaker é ativado novamente; neste caso, só a B3 poderá definir quando as negociações serão retomadas.
Esse mecanismo nunca é acionado na última meia hora do pregão, mas caso ocorra na última hora, Ibovespa, no dia seguinte, poderá acionar o Circuit Breaker durante 30 minutos na abertura.
Essa venda dos ativos, que pode acontecer em massa, ocorre devido às notícias de grande impacto nacional ou mundial, na qual assusta os investidores que ao ver o valor de suas ações caírem resolvem vender também. O acionamento do Circuit Breaker é importante por isso, paralisa o mercado por determinado tempo a fim de que se reavalie os papéis e seus fundamentos, acalmando o mercado do pânico gerado para uma retomada.
Não é recorrente esse acionamento de segurança, essa volatilidade e movimentação em massa de venda é pontual no mercado financeiro, o mais recente desses acontecimentos foi no início de 2020 quando uma série de medidas por conta do Coronavírus como lockdown em alguns países, guerra de preços do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia, sanções de fechamento do espaço aéreo entre as maiores economias mundiais foram motivos para a derrubada recorde dos índices mundiais em um curto período de tempo.
Veja o cronograma dos acionamentos neste ano:
09 de março de 2020, queda de 12,17%
11 de março de 2020, queda de 12,38%
12 de março de 2020, acionado 2 vezes e queda de 11,76%
16 de março de 2020, acionado logo na abertura do mercado, queda de 12,52%
18 de março de 2020, queda de 10,35%
Veja outros anos em que o Circuit Breaker foi acionado no mercado brasileiro:
1997 - crise no mercado Asiático atingiu principalmente países emergentes e outros países como Rússia e Brasil.
1998 - Crise na Rússia havendo fuga de capitais, afetando diretamente o Brasil.
1999 - A desvalorização do real e a adoção do regime de câmbio flutuante pelo BC.
2008 - Bolha imobiliária nos EUA, com calote em série e queda dos investimentos em imóveis causando quebra de bancos e efeito cascata em escala mundial.
Pode parecer assustador e perigoso, mas a intenção é acalmar os ânimos dos investidores, fazendo-os tomar fôlego e analisar melhor a real situação macroeconômica e seus fundamentos. A tendência é que o mercado volte ao seu movimento natural, causando equilíbrio e amenizando a queda.
Algumas oportunidades podem surgir nesse período, podendo gerar bons resultados, aprenda a observar o mercado como o sócio da empresa, não adianta entrar em desespero e ir com a manada. Como sócio, é importante ter uma estratégia e geri-la da melhor forma possível.
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